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De repente já nos trinta

De repente já nos trinta

A minha experiência com os estágios profissionais

15.01.19, Girl About Town

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Este 2018 passou a correr.

Acabei um curso, procurei trabalho, passei por mil trabalhos diferentes no ano passado, sendo que os mais recentes, tirando onde estou agora a trabalhar, foram ambos estágios profissionais do IEFP.

Devo desde já dizer que não acabei nenhum dos dois, um por minha vontade, outro por mutuo acordo, por isso a minha experiência é apenas de alguns meses, e é a minha opinião, não nenhuma verdade absoluta.

Acho que a grande maioria deve saber como funciona, ainda assim um breve resumo.

Podemos-nos candidatar aos estágios disponíveis no centro de emprego, ou através do site Iefp.Online ou o IEFP chama-nos, o que é muito raro, normalmente chamam quem lhes interessa. Das duas vezes fui eu que me candidatei, dirigi-me ao centro de emprego, vi que tinha estágios na minha área e então fui lá falar com a pessoa responsável pelo estágio.

Metade das vezes os estágios lá afixados não estão disponíveis, ou não teve seguimento, já arranjaram alguém, ou a empresa já não quer. Por qualquer razão que desconheço os funcionários do centro de emprego não se lembram de atualizar aquela lista.

Ou seja fui lá imensas vezes até conseguir chegar a um que realmente ainda estivesse a recrutar, nesse caso a pessoa responsável por aquele estágio encaminha para a empresa, e o encaminhar é dar-nos o email e a gente lá se desenrasca.

Também já me candidatei através do site mas nunca obtive qualquer resposta sobre os mesmos, basicamente para mim aquilo não dá em nada.

Tendo o contacto da empresa, o que eu fiz foi ligar logo para a empresa para saber se já tinham preenchido a vaga, como ainda não tinham agendei entrevista.

Tratava-se de uma vaga para administrativa numa pequena empresa, fui entrevistada pela pessoa que exercia a função de administrativa e que iria sair para entrar num outro projeto.

Fui aceite, comecei logo na semana a seguir mas claro que antes tive que passar pelo processo burocrático que é formalizar um estágio, assinei um monte de papéis, dei outro monte de papéis e depois lá fui eu começar.

Fui super contente porque achei que realmente tinha encontrado ali o emprego para a vida, isto porque a empresa queria realmente assinar contrato no fim do estágio pois era um área muito particular em que era difícil arranjar alguém que "percebesse" aquela área de negócio.

Estive um mês a aprender com a pessoa que ia embora, a F.  uma pessoa maravilhosa e com quem ao longo de um mês criei uma bonita amizade que ainda hoje mantenho.

Tratava-se de uma empresa bem pequena e no escritório apenas estávamos nós as duas e um outro funcionário que exercia funções de gerente e em breve passaria a sócio. Seria ele o meu tutor, porque nisto dos estágios é preciso haver um tutor, alguém para nos apoiar ao longo de todo o estágio.

Enquanto que lá estive com a F. senti imenso apoio da parte dela, ajudou-me, explicou-me tudo e fez tudo ao alcance dela  para me apoiar. Quando ela foi embora é que tudo piorou, o gerente era muito abusador, não sabia falar com as pessoas, só berrava sem razão nenhuma, tinha umas atitudes assim meio esquisitas e pouco profissionais e na minha opinião já a roçar um pouco o inconveniente. Além disso não me deu qualquer tipo de apoio. Quando pedia ajuda em alguma coisa ou queria tirar alguma dúvida a resposta era sempre a mesma. Senti-me totalmente desapoiada.

Depois havia o pormenor de ser uma empresa pequena, bem pequena em que o trabalho era pouquíssimo, chegava a estar horas sem fazer nada o que para mim era torturante.

Entretanto soube que o projeto da F. não tinha ido para a frente e que ela estava desempregada, senti-me super mal e então vi ali uma oportunidade.

Como eu estava a detestar o estágio tomei a decisão de sair, e a F voltava a entrar na empresa.

Na empresa aceitaram muito bem e acabamos por rescindir por mútuo acordo para que não tivesse nenhum inconveniente para mim, ou seja se saírem de um estagio "só porque sim" depois não se podem inscrever em outro

Sendo assim, consegui pouco tempo depois ir para um outro estágio agora num gabinete de contabilidade, sonho da minha vida pensava eu.

Mesma coisa, eu que contactei a empresa, eu que fiz quase tudo novamente, desta vez vim me embora ao fim de três dias.

E porquê? Porque percebi que não queria nada daquilo, e porque percebi também que isto dos estágios é uma grande treta.

Na verdade as empresas não querem estagiários, querem pessoas que tenham experiência, que saibam tudo e que não vão ali para aprender, o que para mim vai contra a definição de estágio.

Tanto na empresa, como no gabinete, disseram-me logo que eu não era estagiaria, era funcionaria da empresa, estava ali para trabalhar e não para aprender.

Eu até concordo que estou lá para trabalhar mas agora a parte do aprender, sendo estagiário ou não, temos sempre qualquer coisa a aprender, mais que não seja adaptarmos-nos à empresa e aos métodos por ela praticados e para isso também é preciso alguém que nos ajude.

Por isso a existência do tutor, alguém que nos dê apoio ao longo do processo é fundamental, só que para a maioria das empresas é só uma formalidade que eles cumprem apenas no papel, na prática isto não existiu comigo.

Depois há os abusos, estive três dias no tal gabinete, em dois deles já passava bem da minha hora, tanto na pausa para o almoço como no fim do dia e quando comecei a arrumar as minhas coisas ficou tudo a olhar para mim do género; "Já vais embora? Não vais acabar isso antes de ires?"

No último dia ainda pior, sai às 18:40h quando a minha hora de sair era às 18:30h e ainda obtive uma reação pior.

O dono do gabinete ficava lá até as 06:00h e esperava que nós ficássemos também o que é só ridículo. Além de querer que uma pessoa trabalhe ao sábado de borla.

Acabei por rescindir o contrato porque felizmente encontrei trabalho que é onde estou agora, mas isso fica para um outro post.

Como já devem ter percebido a minha experiência não foi boa, de todo, se antes de ter feito um estágio já achava uma treta agora ainda acho mais, principalmente porque exigem de nos as mesmas obrigações mas depois os direitos são bem diferentes. 

As empresas tem os tais benefícios a contratar estagiários e depois o que acontece é que andam a vida toda a contratar estagiários e isto acaba por não resolver em nada o problema que temos a nível de desemprego.

Não seria melhor atribuir um beneficio fiscal, ou a nível se contribuições para a segurança social a quem faz logo um contrato sem termo? Se calhar era um dinheiro mais bem empregue, não sei, digo eu.

E vocês? Contem-me tudo, quais as vossas experiências com estágios profissionais?