Livro # 12 | O livro dos Baltimore
Até ao dia do Drama, existiam dois ramos da família Goldman: os de Baltimore e os de Montclair. O ramo de Baltimore, próspero e bafejado pela sorte, mora numa luxuosa mansão e encarna a imagem da elite americana. Já os Goldman de Montclair são uma típica família de classe média e vivem numa casa banal em Nova Jérsia. Tudo isto se transforma com o Drama. Movido pelas memórias felizes dos tempos áureos de Baltimore, Marcus Goldman procura descobrir o que se passou no dia do Drama, que mudaria para sempre o destino da família. O que aconteceu realmente aos Goldman de Baltimore?
Para começar este livro não tem nada a ver com " A verdade sobre o caso Harry Quebert", não é a mesma historia, o tema do livro nem é o mesmo, semelhanças só mesmo na personagem Marcus Goldman que regressa e a escrita de Joel Dicker que continua impressionante.
Acho que é possível reconhecer o autor em ambos os livros embora conte historias tão diferentes.
Neste livro Marcus Goldman leva-nos numa viagem pela sua infância como Goldman de Montclair e apresenta-nos os seus amados tios, os Goldman de Baltimore.
Não vou estar aqui a contar muito da historia até porque muitos já devem conhecer e quem não conhece vale a pena descobrir por si.
Vou só falar daquilo que mais me impressionou neste livro, na verdade, foram duas coisas.
Primeiro é sobre os acontecimentos da nossa vida, é impressionante como uma má decisão num mau momento pode mudar toda a nossa vida, pode nos levar a caminhos e a fins que nunca imaginaríamos, fins que podem ser positivos mas que podem ser também muito trágicos.
Sempre foi uma coisa que me deu que pensar, as consequências das nossas decisões e neste livro, das coisas que mais retiro é isso, as consequências trágicas que por vezes podem surgir depois de decisões em que não pensamos, aquilo que eu chamo de decisões estúpidas.
A segunda coisa é algo que se calhar nos deparamos imensas vezes ao longo da nossa vida, aquela frustração pelo sucesso dos outros, não compreender porque acontece tudo de bom a uns e não a outros.
Acho que é algo tão presente neste livro que me deu bastante que pensar, é triste sentir a "vergonha" que ao longo do livro Marcus Goldman demonstra pelos seus pais, aquela coisa que ele tem de querer ser mais Goldman de Baltimore do que Goldman de Montclair, como se uns fossem melhores do que os outros.
Na realidade uns só tinham mais dinheiro do que os outros, o que não faz deles nem melhor nem pior do que ninguém.
Hillel e Woody os primos de Marcus um de sangue e outro por acolhimento formam o gangue dos Goldman que apesar da grande amizade que vemos que os une também podemos ver ali sentimentos contraditórios, cada um deles a lutar pela atenção tanto de Alexandra a jovem por quem todos se parecem apaixonar e pelos próprios tios de Marcus.
Acho que é um livro cheio de sentimentos contraditórios, vai-nos mostrando sentimentos felizes mas também sentimentos menos felizes.
No fundo é um livro sobre o ser humano, sobre sentimentos e sobre a família.
É muito, muito bom, brilhante, recomendo todos que ainda não leram a ler, vai fazer com que muitos façam uma reflexão sobre a nossa própria vida e sobre as nossas relações com os outros.